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Página acrescentada em 10 de outubro de 2025.
 

Ricardo Moretti

Nascimento: 25/08/1948 - Falecimento: 21/12/1967

1966/1967 - Sonho interrompido

Ricardo Moretti, nasceu em São Paulo em 25 de fevereiro de 1948.
Aluno do tradicional Colégio Bandeirantes já era um habitual frequentador do autódromo paulista, então logo que fez 18 anos começou a pensar em competir.

Suas primeiras provas foram em 1966 pela categoria estreantes e novatos:
“Prêmio Faria Lima” - Estreantes e Novatos, no dia 01 de outubro de 1966 foi sua primeira prova em Interlagos, com um VW Sedã nº 12. Mas não foi muito feliz, bem em sua estréia abandonou por problemas mecânicos.

Ele começou a despontar na “150 Milhas de Interlagos”. Para estreantes: "Prova 10º Aniversário da Industria Automobilística", em Interlagos no dia 11 de dezembro de 1966, mas em sentido contrário  (horário)
ao habitual. A prova fazia parte do evento “150 Milhas de Velocidade”; e foi disputada em duas etapas, com ambas as etapas ocorrendo antes da corrida principal. A prova teve um grid pequeno e muitas desistências por falhas mecânicas, deixando ainda menos carros na pista. Moretti terminou a corrida em quarto lugar com seu VW Sedã nº 12.

Moretti começava a despontar quando o automobilismo brasileiro estava muito competitivo e fervilhava de pilotos com grande potencial.
Esperava-se que a chegada da Fórmula Vee proporcionasse um ambiente propício para que jovens pilotos aprimorassem suas habilidades em corridas de monopostos, portanto era inevitável que em breve Moretti também experimentasse aqueles carrinhos. Mas Moretti, já com quase 19 anos, preferiu continuar com os carros de turismo.

Todos participantes da "2 Horas"
Bandeirinhas, Camilo Christofaro (diretor) e pilotos

Sua terceira corrida foi a “Duas Horas de Volkswagen”, um evento organizado pela Associação Paulista dos Volantes de Competição (APVC) em janeiro de 1967 e chamada de “Prova Fundação de São Paulo”, foi disputada em duas etapas.
Quatorze pilotos se inscreveram e participaram, inclusive dois jovens promissores da época: Emerson Fittipaldi e Cacaio Mattos (sobrinho do Marinho).

 

Moretti na "2 Horas de Volkswagen" - 1967

Moretti e Emerson
"2 Horas"

 

Amplamente promovida pela APVC, a corrida contou com grande público. Os dois favoritos não decepcionaram: Cacaio, venceu a primeira etapa, seguido por Fittipaldi e Moretti em terceiro lugar.  Emerson venceu a segunda etapa, e Moretti se saiu ainda melhor, ultrapassou Cacaio, que rodou, e passou a seguir Fittipaldi bem de perto.
Ao receber a bandeira quadriculada em segundo lugar, Moretti deixou claro que: "
... era um jovem que se destaca como piloto com grande futuro".  Como afirmava a imprensa na época.
Terminando em segundo lugar atrás apenas de outro jovem e consagrado piloto: Emerson Fittipaldi (que viria a ser bicampeão de Fórmula1), começou a chamar a atenção e dar trabalho para os figurões da época, parecia estar fadado a se juntar à Geração de Ouro dos pilotos brasileiros.

Apenas dois meses depois, Moretti já enfrentava os principais pilotos do Brasil, competindo em uma das corridas mais tradicionais do país, a “12 Horas de Interlagos”, na qual fez dupla com José A. Gontijo, pilotando um Renault 1093, os dois obtiveram um excelente 9º lugar, deixando para trás pilotos experientes. Moretti estava todo sorrisos após a corrida, ele obteve um resultado notável provando que podia se misturar com os melhores, mesmo em uma corrida longa.

Depois da “12 Horas” competiu também na prova mais tradicional do automobilismo brasileiro, a “IX Mil Milhas Brasileiras”, em dupla com Antônio Carlos Scavone ao volante da Berlineta nº 33
. Depois de muitas paradas involuntárias terminaram em
19º lugar.

Apesar de estar cada vez mais animado com as corridas, Moretti não se mostrou interessado pela categoria que começava a fazer sucesso nas pistas, a Fórmula Vee, que havia chegado ao Brasil no final de 1966.
Moretti, já com 19 anos, preferiu continuar com os carros de turismo. E foi assim que ele viajou para a sua última prova, no Rio de Janeiro.

O jovem paulistano foi ao Rio para o encerramento da temporada de 1967, em 17 de dezembro. Ele se inscreveu com um Willys-Interlagos para a “Prova Internacional Almirante Tamandaré”, que reuniu protótipos e modelos de turismo em várias categorias.
Esta era a principal atração da programação no Autódromo Internacional do Rio, em Jacarepaguá, que receberia também a decisão do primeiro Campeonato Nacional de Fórmula Vee.
Moretti, porém, não se classificou para a prova, ao todo cinco carros foram eliminados por não terem atingido o tempo mínimo no treino classificatório, ficou de fora da competição que teria dois grandes nomes da época: Wilsinho Fittipaldi, que venceu a primeira bateria. A segunda, debaixo de chuva, ficou com Bird Clemente.

Os pilotos da equipe Palma, de Portugal, competiram na “Prova Internacional Almirante Tamandaré", mas eles também receberam o convite para participar da prova de Fórmula Vee. Mas como não conseguiram treinar, desistiram, preferiram não se arriscar. Assim, sobrou lugar nos carros de FVee (que seriam para os portugueses). E havia também um jovem paulistano que tinha viajado ao Rio, mas não iria correr por não ter se classificado.
Sem nunca ter pilotado um Fórmula Vee, Ricardo Moretti recebeu o convite do piloto Lair Carvalho para conduzir o seu Sprint-Vê na decisão do Campeonato Brasileiro, certamente para não perder a viagem ao Rio, Moretti aceitou e teria assim, pela primeira vez, a oportunidade de pilotar um carro da categoria que chamava a atenção de todos que iniciavam no automobilismo.

O jovem paulistano fez uma estréia discreta. Estavam marcadas duas baterias para apontar o primeiro campeão brasileiro de FVee. com Moretti.terminando a primeira bateria em 13º lugar, na etapa que teve 19 carros classificados.

 

Bombeiros jogando terra...

Carro queimando e a corrida continuando

"Duas Horas de Volkswagen”

Jajá-Vee de Antônio Pinto de Souza.

 
 

Autoespote, primeiro numero de 1968

Na segunda bateria, o acidente fatal aconteceu logo na segunda volta. Ricardo Moretti derrapou e perdeu o controle do carro na terceira curva após a reta dos boxes, quando começava e entrar na Ferradura, no miolo.
Ao rodar, Moretti foi atingido em cheio por outro carro desgovernado, o Jajá-Vê de Antônio Pinto de Souza. Com a batida, o tanque de combustível do carro de Moretti “partiu e explodiu”. Ainda de acordo com testemunhas, outros três carros se envolveram no acidente, pilotados por Juarez Saadi, Jofre Gomes e Manuel Ferreira.
O local era distante da área dos boxes e por isso os bombeiros demoraram para prestar socorro. A situação se agravou ainda mais porque o extintor de incêndio não funcionou.
Moretti foi retirado do carro antes da chegada dos bombeiros com a ajuda do fiscal Altamiro Almeida Filho e dos pilotos Manuel Ferreira e Jofre Gomes. Os três também sofreram queimaduras. Ferreira foi o mais atingido, nos braços e nas pernas.
A ambulância também demorou a chegar. Ricardo Moretti foi levado com vida ao hospital Carlos Chagas, com o corpo quase todo queimado. Ele foi posteriormente transferido ao hospital Samaritano, onde morreu quatro dias depois, em 21 de dezembro de 1967.


 

TABELA DE PARTICIPAÇÕES E RESULTADOS  (Colaboração de Napoleão Ribeiro)

Data Prova Carro Classificação
01/10/1966 Premio Faria Lima - Estreantes e novatos - Interlagos (SP) VW Sedã 12 AB (15º pelo nº de voltas)
11/12/1966 Preliminar de estreantes e novatos para 150 Milhas de Interlagos (SP) (sentido contrário) VW Sedã 21 4º e 2º na T-1.3
25/01/1967 Prova Fundação de São Paulo (2 Horas de Velocidade) - Interlagos (SP VW Sedã 12 2º lugar
18 e 19/03/1967 IV 12 Horas de Interlagos (SP) - c/José A. Gontijo Renault 1093 82 9º e 3º na T+1.3
02 e 03/12/ 1967 IX Mil Milhas Brasileiras - Interlagos/SP - c/Antonio Carlos Scavone Berlineta 33 19º  e 10º na PT/GT
17/12/1967 IV Etapa do Torneio Nacional de F Vê - Jacarepaguá (RJ) Sprint-Vê 49 ACIDENTE FATAL

 

Agradeço a colaboração de Napoleão Ribeiro (Brasília) e Ricardo Cunha (Pindamonhangaba)


 

  
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