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				500 
				Quilômetros de Interlagos 
				
				
				(A 
				experiência fracassada)
 10 de setembro de 1967
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				Clique 
				aqui e veja filme dessa corrida.
				
					
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						Emerson e 
						Marivaldo em disputaFoto: 
						Revista Auto Esporte
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				A “Semana da 
				Velocidade”, promovida pelo jornal “Folha de São Paulo” na 
				Semana da Pátria, consistia das provas: “3 Horas de Velocidade”, 
				“Uma Hora de Calouros” (a partir de 1966), realizadas sempre no 
				domingo anterior ao dia 7 de setembro quando era realizada a 
				prova “500 Quilômetros de Interlagos” fechando a semana. 
				
				De1957 até 1963 a prova “500 Quilômetros” foi realizada pelo 
				anel externo da antiga, e maravilhosa, pista de Interlagos, 
				sempre disputada por carros das categorias Mecânica Nacional e 
				Esporte. Em 1964 a prova foi disputada por carros de Turismo, GT 
				e Protótipos pelo circuito completo de 7.960 metros, foram 
				4h17min58s com velocidade média de 117,22 Km/h, isso por pressão 
				das fábricas que queriam usar o prestigio, tradição e divulgação 
				do “500 Quilômetros” como vitrine para seus produtos, só que o 
				anel externo não era adequado, a explicação dada é que a mudança 
				foi devido ao péssimo estado de conservação do anel externo; ao 
				fato dos carros da Mecânica Nacional estarem em “estágio 
				terminal” para serem utilizados e também aos acidentes fatais 
				com Edmundo “Dinho” Bonotti (nos treinos) e com o tri-campeão da 
				prova, 
				
				
				Celso Lara Barberis, na prova de 1963. 
				Já em 1965, novamente pelo anel externo, foi uma verdadeira 
				“salada mista”, correram carros modelos Esporte, GT, Mecânica 
				Nacional e também o "Gávea", 
				um Fórmula 3 da equipe Willys. Em 1966, em sua nona edição, 
				correram carros de Turismo, GT e Protótipos pelo anel externo, a 
				prova durou 3h28m01s com a velocidade média de 144 km/h do 
				vencedor 
				
				Luiz Pereira Bueno. 
				
				Com o lançamento da categoria 
				Fórmula Vê em 1967, que passava a ser a única categoria de 
				monopostos no Brasil, esta categoria foi escolhida para a 
				realização da prova “500 Quilômetros”, uma vez que a Mecânica 
				Nacional se encontrava em “fase terminal”, com a última prova da 
				categoria tendo sido realizada em 12 de junho de 1966, o “GP IV 
				Aniversário APVC”, com apenas 5 participantes.
				É claro que os Vê não iriam substituir os possantes, mas 
				ultrapassados, carros da Mecânica Nacional, os Vê, mesmo tendo 
				uma concepção moderna, eram equipados com motores VW “standard” 
				refrigerados a ar, de 1200cc com apenas 44HP de potencia. 
				A 
				primeira corrida da categoria foi realizada no Rio de Janeiro em 
				14 de maio, em seguida foram realizadas mais 5 corridas, todas 
				com o formato de 2 ou 3 baterias curtas.
				Mesmo assim os organizadores resolveram prestigiar a nova 
				categoria, decisão que iria se mostrar equivocada afinal era uma 
				prova longa. Foi mantida a tradição do anel externo, com 154 
				voltas perfazendo os 500 quilômetros. Foi a mais lenta e 
				demorada prova “500 Quilômetros” realizada pelo anel externo de 
				Interlagos. 
				
				Dentro desse cenário a décima edição estava marcada para 7 de 
				setembro, uma quinta-feira. Nos treinos classificatórios 
				“Cacaio” (Joaquim Carlos Telles de Mattos) fez a pole-position, 
				ele correria em dupla com “Marinho” (Mario 
				Cesar de Camargo Filho) piloto que 
				fazia a ultima corrida de sua carreira. 
				De acordo com o Jornal do Brasil, edição de 6 de setembro:
				
				“Pela 
				primeira vez na pista apresentaram-se os Fórmula Vê da Equipe 
				Landi, com alguns dos melhores pilotos paulistas...”, 
				que foram:
				
				
				“Toco” (José 
				Fernando Lopes Martins), vencedor em 
				64; 
				Jayme Silva, vencedor em 65; 
				Luiz Pereira Bueno, vencedor em 66; 
				
				Jan Balder; 
				Francisco Lameirão 
				e Elvio Ringel. 
				Ainda no mesmo jornal, 
				“Luiz 
				Pereira Bueno, que há muito tempo não corre por ser exclusivo da 
				Equipe Willys, não aguentou as saudades da pista e entrou na 
				Equipe Landi nas provas de classificação para a corrida de 
				amanhã. Tirou o sétimo lugar...”
				
				
				
				Mas a prova não aconteceu na data prevista e Luizinho desistiu, 
				e comentou: “...
				é gostozinho... mas falta alguma 
				coisa”.
				
				
				
				O Jornal do Brasil informava ainda que: 
				“Maneco 
				Combacau, quando fazia um treino sem pretensões na pista de 
				Interlagos foi atingido por uma pedra deslocada pelo carro que 
				ia à sua frente. A pedra quebrou o óculos esquerdo e Maneco não 
				pode correr na prova de classificação, sendo substituído por Jan 
				Balder, da Equipe Landi, que correu por esse motivo para a Lemar, 
				tirando um segundo lugar”, 
				e também que: 
				“O 
				quarto lugar foi ocupado por Ludovino Perez Jr. da Equipe Sprint, 
				que retornou às pistas depois de longo tempo...”
				
				
				
				Combacau foi atendido prontamente e não pode mais participar dos 
				treinos, mas correu sim em dupla com Jan Balder pela Equipe Lemar. 
				
				Dia 7 com tudo pronto, carros e pilotos na pista, e nas 
				arquibancadas um público pequeno, em relação às provas 
				anteriores, devido às fortes chuvas que caiam sobre a cidade, 
				tão fortes que os organizadores resolveram transferir a prova 
				para o domingo, dia 10. 
				No jornal O Estado de São Paulo do dia 8 tem uma nota sobre o 
				adiamento da prova onde diz que isso poderia beneficiar alguns 
				pilotos, entre eles o piloto gaucho Rafaele Rosito e o carioca 
				Henrique Fracalanza que estavam em São Paulo, mas seus carros 
				não haviam chegado à capital paulista. Rafaele tinha comprado o 
				Aranae nº 110 de 
				
				Bob Sharp e havia participado, usando o 
				nº 43 de duas provas, 9º lugar em São Paulo e 10º lugar no Rio 
				de Janeiro. Mas apesar do adiamento nenhum dos dois participou 
				da prova. 
				
				
					
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						Bela foto do 
						carro Fitti-Ve de José Carlos PaceFoto: Revista Quatro Rodas
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				No domingo, dia 10, largaram 16 carros, 9 
				eram modelo Fitti-Vê, fabricados pelos irmãos Wilson e 
				
				Emerson Fittipaldi, e 7 eram modelo 
				Aranae-Vê fabricados pela Sprintwagen de Alexandre Guimarães.
				
				Mas a lista de inscritos tinha 23 carros. Reportagem da revista 
				Auto Esporte nº 36 informava que: 
				“...os 
				demais pilotos não compareceram porque a prova não ofereceu 
				premio de largada”.
				
				
				
				A largada foi em estilo Indianápolis, com os carros em movimento 
				e um Ford Galaxie como carro madrinha, o pole-position pulou na 
				frente e atrás as posições foram quase todas mantidas. 
				No Jornal do Brasil, do dia 13, se lê: 
				“Na 
				quarta volta, Jayme Silva, campeão dessa mesma prova em 1965 e 
				esperança da Equipe Landi, foi abalroado por Wilson Fittipaldi 
				Jr., na saída da Curva 2. O carro de Jayme Silva ficou com um 
				rombo ao projetar-se num barranco”.
				
				
					
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						Estado em 
						que ficou o carro de CacaioFoto: Revista Auto Esporte
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				Na vigésima 
				volta “Cacaio” liderava. “Toco” já havia ultrapassado “Maneco” 
				(Paulo Manuel Combacau), “Totó” (Antonio Carlos Pereira Porto 
				Filho) 
				vinha em quarto e “Moco” (Jose Carlos Pace) em quinto. 
				Ainda 
				no mesmo jornal: 
				
				“Quem 
				liderava a competição até a 28ª volta era Jose Carlos Cacaio 
				Matos, da Equipe Lemar, seguido por um numero bem grande de 
				concorrentes. Por esse motivo Cacaio freava a todo momento, 
				tentando abrir brechas para os seus companheiros de equipe. Numa 
				dessas freadas, seu mais direto perseguidor, 
				Toco Lopes, carro 
				nº 62, atropelou o veículo de Cacaio, chegando a passar por cima 
				de seu capacete”.
				
				“Toco” bateu seu pneu dianteiro no traseiro de “Cacaio” e teve 
				seu carro catapultado, passando por cima do de “Cacaio” e 
				tocando seu capacete, este se desgovernou e bateu (subiu) no 
				barranco. Wilsinho que vinha atrás, mas uma volta atrasado, não 
				teve tempo de desviar e também bateu no barranco. 
				
				
					
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						Cacaio, 
						olhando para trás, na entrada do retãoFoto: Revista Auto Esporte
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				Na Quatro 
				Rodas nº 87, de outubro, tem escrito: 
				
				
				“Depois 
				do acidente, Marinho, companheiro de Cacaio no carro 11, 
				reclamava de Toco e Jayme, apontando-os como “batedores de 
				carro”. Por outro lado, Chico Landi afirmava que o mal de Cacaio 
				era olhar para trás. Inclusive virando o corpo. “O que é 
				prejudicial a um piloto”.
				
				
				
				
				
				
				
				Eduardo Celidonio, estava em 11º lugar 
				quando aconteceu o acidente e teve seu carro, um Fitti, bastante 
				avariado, tanto que completou apenas 98 das 154 voltas 
				previstas, ficando em 12º lugar, ele que destruíra seu Aranae no 
				treino de uma prova anterior. Wilsinho, apesar de se envolver em 
				dois incidentes onde perdeu voltas, chegou, mesmo assim, em 6º 
				lugar com 4 voltas de atraso. 
				
					
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						Totó 
						Porto numa tocada segura venceu o 500 Km de Interlagos 
						de 1967 - Foto: Revista Auto Esporte  | 
				
				
				
				
				Lê-se no Jornal do 
				Brasil, do dia 13: 
				
				“O 
				vencedor estava inscrito com o carro de nº 41, em companhia do 
				volante Lian Duarte. Ao efetuar um ensaio, porém, verificou que 
				seu veículo tinha uma falha no sistema de carburação. Totó 
				recolheu-o à oficina e correu com o de nº 33, de Ludovino Perez, 
				que passava mal e não estava em condições de correr”.
				
				E também:
				“Depois 
				de combinar com o co-piloto da Sprint, Ruby Loureiro, que 
				cederia seu posto no meio da prova, Totó partiu no meio do bloco 
				da frente e não mais saiu dessa posição, correndo a prova toda 
				sem ajuda do co-piloto, e sem deixar a pista para descansar”.
				
				
				
				“Totó” Porto largou em quarto, e por aí ficou até o acidente de 
				“Cacaio” e “Toco” quando passou a terceiro, e pouco antes da 
				metade da prova assumiu a primeira posição, não mais a perdendo 
				até a vitória final.
				
				Na Quatro Rodas nº 87, de outubro, pode-se ler: 
				“Emilio 
				Zambello, o homem das Alfas, não gostou do espetáculo... Achou 
				que a corrida não esteve boa porque o tipo de circuito (de 
				velocidade) é impróprio para o tipo de carro. Argumenta que os 
				F-Vê, de quatro marchas, só precisaram da 4ª (a não ser quando 
				entravam e saiam do box) para fazer toda a prova. Na sua 
				opinião, o melhor tipo de prova para o F-Vê é a que determina a 
				disputa de várias baterias, pelo miolo”.
				
				
				A opinião de 
				
				Emilio Zambello fazia sentido pois com 
				os carros nivelados pela baixa potência, igual para todos, era 
				preciso dificuldades como curvas de alta, de baixa, subidas, 
				descidas, para valorizar e destacar as habilidades do melhores 
				pilotos. 
				
				
				
				Aprova durou 
				
				3h 52m 7s, 
				com velocidade média de 128,9 km/h; 
				a melhor 
				volta da prova foi A 154 de "Totó" Porto: 1m 28s a uma média de 
				132,955 km/h. 
				
					
					
						
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							Cacaio em primeiro, Tôco em segundo, pouco acima 
							Avallone, mais em cima, Pace, e por fim Maneco 
							CombacauFoto: Revista Quatro Rodas
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						| Grid de largada |  | Classificação 
						final | 
					
						| 1 | Joaquin Carlos 
						de Mattos “Cacaio”/ Mário César Camargo “Marinho” | Fitti 
						(11) |  | 1 | Antônio 
						Carlos “Totó” Porto/Ruby Loureiro | Aranae 
						(33) | 
					
						| 2 | "Maneco" Combacau/Jan 
						Balder | Fitty (9) |  | 2 | José Carlos 
						Pace “Moco”/Carol Figueiredo | Fitti (2) | 
					
						| 3 | Jaime 
						Silva/Lucio Naja | Aranae (26) |  | 3 | “Maneco” 
						Combacau/Jan Balder | Fitti (9) | 
					
						| 4 | Antônio Carlos 
						“Totó” Porto/Ruby Loureiro | Aranae (33) |  | 4 | Emerson 
						Fittipaldi | Fitti (7) | 
					
						| 5 | Jose Fernando 
						“Toco” Martins/Ailton Varanda | Aranae (62) |  | 5 | Francisco 
						Lameirão/Élvio Ringel | Aranae (4) | 
					
						| 6 | Antônio Carlos 
						Avallone | Fitti (58) |  | 6 | Wilson 
						Fittipaldi Junior | Fitti-2 (77) | 
					
						| 7 | José Carlos 
						“Moco” Pace/Carol Figueiredo | Fitti (2) |  | 7 | Antônio Carlos 
						Avallone | Fitti (58) | 
					
						| 8 | Marivaldo 
						Fernandes | Fitti (45) |  | 8 | Marivaldo 
						Fernandes | Fitti (45) | 
					
						| 9 | Roberto 
						Mendonça/“Volante 13” | Fitti (99) |  | 9 | Roberto 
						Mendonça/“Volante 13” | Fitti (99) | 
					
						| 10 | Eduardo 
						Celidônio | Fitti (15) |  | 10 | Milton 
						Amaral/Celso Gerbassi | Aranae (50) | 
					
						| 11 | Milton 
						Amaral/Celso Gerbassi | Aranae (50) |  | 11 | Antônio Carlos 
						Scavone/Renato Lenci | Aranae (28) | 
					
						| 12 | Antônio Carlos 
						Scavone/Renato Lenci | Aranae (28) |  | 12 | Eduardo 
						Celidônio | Fitti (15) | 
					
						| 13 | Wilson 
						Fittipaldi Junior | Fitti-2 (77) |  | 13 | Ricardo Achcar/Pedro 
						Vitor de Lamare | Aranae (100) | 
					
						| 14 | Emerson 
						Fittipaldi | Fitti (7) |  | NT | Jose Fernando 
						“Toco” Martins/Ailton Varanda | Aranae (62) | 
					
						| 15 | Francisco 
						Lameirão/Élvio Ringel | Aranae (4) |  | NT | 
						 Joaquin 
						Carlos de Mattos “Cacaio”/ Mário César Camargo “Marinho” | Fitti (11) | 
					
						| 16 | Ricardo Achcar/Pedro 
						Vitor de Lamare | Aranae (100) |  | NT | Jaime 
						Silva/Lucio Naja | Aranae (26) | 
				
				 
				
				
					
						|  |  | 
					
						| 
						Saída da 
						Três | 
						Saída da 
						Três, publico na pista!! | 
					
						| 
						Fotos de 
						Anizio de Oliveira |